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A CONQUISTA DA AMÉRICA- DIVERSIDADE CULTURAL, CONFLITOS E VIDA EM SOCIEDADE.




A decadência do comércio com as Índias e a concorrência estrangeira no litoral brasileiro teriam sido os fatores de maior peso para que Portugal se decidisse pela colonização de seus territórios americanos. Alguns historiadores chamaram esse fato de “viragem atlântico”, ou seja, volta-se para os domínios do Atlântico: a costa africana e o Brasil.
Em 1501, decretou-se o monopólio real do pau-brasil. D. Manuel, rei de Portugal, mandou para cá a primeira expedição exploradora, cuja finalidade era o reconhecimento do território. Embora não haja certeza, acredita-se que seu comandante tenha sido Gaspar de Lemos. Essa expedição, que contou com a participação do florentino Américo Vespúcio, avistou e denominou vários pontos litorâneos.

Em 1503, chegou ao Brasil uma segunda expedição colonizadora, desta vez comandada por Gonçalo Coelho e contando novamente com a presença de Américo Vespúcio. Atingiu o atual arquipélago de Fernando de Noronha e o Cabo Frio, onde foi fundada uma feitoria destinada ao resgate de pau-brasil. 


Em 1502, a Coroa iniciou o arrendamento do pau-brasil. Alguns comerciantes receberam esse privilégio. Entre eles, destacou-se o cristão-novo Fernando de Noronha. D. Manuel doou-lhe a ilha de Quaresma (ou de São João) em 1504. A ilha, que depois tomou o nome do donatário, é considerada a primeira capitania hereditária brasileira. O arrendatário obrigava-se, além de pagar o quinto devido à Coroa, aos seguintes compromissos:
  •          Enviar anualmente seis navios ao Brasil;
  •    Explorar, a cada ano, 300 léguas de terras;    
  •   Levantar e manter, por três anos, uma fortaleza;


O pau-brasil era um produto muito rentável na época da descoberta, o que provocou interesse dos estrangeiros. Devido ao aumento da concorrência. D. Manuel entregou ao português Cristóvão Jacques, em 1516, o comando da primeira expedição guarda-costas. Até 1519, a expedição policiou o litoral da América Portuguesa. Deve-se também a Cristóvão Jacques a fundação de uma feitoria de Pernambuco. Em 1526, Cristóvão Jacques voltou à América Portuguesa com nova expedição guarda-costas. Entretanto, as expedições não se mostraram suficientes para garantir a posse da região, pois contrabandistas franceses, ingleses e espanhóis circulavam pelo litoral e contrabandeavam o pau-brasil. 



D. João III enviou a expedição de Martim Afonso de Souza com um tríplice objetivo: combater os contrabandistas franceses, explorar o litoral até o rio da Prata e iniciar o povoamento. Portanto, tratou-se de uma expedição guarda-costas, exploradora e colonizadora. Pero Lopes de Sousa, irmão de Martim Afonso, comandou a nau capitânia e foi o narrador da expedição. O Diário de navegação, de sua autoria, assinalou que, em 21 de janeiro de 1532, Martim Afonso de Sousa fundou a primeira vila brasileira, São Vicente. 




 A decisão de colonizar a América Portuguesa, por iniciativa exclusiva do Estado português, envolveria recursos que iriam além de suas possibilidades. Em função disso, entre 1534 e 1536, o rei D. João III instituiu em seus territórios americanos o regime de capitanias hereditárias, por meio do qual a Coroa delegava à iniciativa privada a tarefa de colonização.
D. João III também resolveu criar o Governo-Geral, a fim de ter na Colônia um centro para prestar ajuda às capitanias. Foi escolhida para sede do Governo Geral a capitania da Baía de Todos-os-Santos. A criação do Governo-Geral não substituiu as capitanias hereditárias, coexistindo ambos ao longo do tempo. 




Tomé de Sousa foi escolhido para exercer o cargo de primeiro governador do Brasil. Com ele vieram vários funcionários e os seus primeiros jesuítas, chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega. Foi recebido pelo naufrago português Diogo Álvares Correia e pelos índios tupinambás. Mandou iniciar a construção de São Salvador da Baía de Todos-os-Santos, primeira cidade brasileira.
Entre 1550 e 1551, chegaram as primeiras levas de escravos africanos, bem como as primeiras mulheres, brancas e órfãs, para se casarem com os colonos. Ainda em 1550, chegou ao Brasil uma segunda expedição de jesuítas, que trouxe, além de novos missionários, sete garotos órfãs. Esses meninos foram usados pelos jesuítas para atrair crianças indígenas para a catequese. Foram eles os primeiros alunos do Colégio dos Meninos de Jesus, fundado pelo padre Manuel da Nóbrega na Bahia. 


Duarte da Costa, o segundo governador, chegou a Salvador em 1553. Vieram com ele seu filho, D. Álvaro da Costa e alguns jesuítas, entre os quais o Padre José de Anchieta. Durante seu governo, registraram-se conflitos com os indígenas do Recôncavo da Bahia, nos quais seu filho se destacou. Em 1554, foi criada a Província Jesuítica do Brasil, o que deu à colônia autonomia eclesiástica. No mesmo ano, os jesuítas Nóbrega e Anchieta findaram o Colégio de São Paulo de Piratininga (25.01.1554), origem da cidade de mesmo nome.


Em 1555, uma expedição francesa comandada por Nicolau Durand de Villegaignon (e apoiada pelos índios tamoios) ocupou a ilha de seregipe (atual ilha de Villegaignon), ao largo da baía da Guanabara. Os franceses denominaram a região ocupada França Antártica. Ocorreu ainda o conflito entre D. Álvaro da Costa e o bispo D.Pero Fernandes Sardinha, que, a caminho de Portugal, foi vítima de um naufrágio no litoral do atual estado de Alagoas, onde ele e outros acabaram devorados por índio antropófagos: os caetés.


Mem de Sá chegou em fins de 1557 e começou a governar em 1558. Em lutas contra os indígenas, morreu seu filho, Fernão de Sá. Em 1560, os franceses estabelecidos na ilha de seregipe foram vencidos. Apoiados pelos tamoios, os franceses se instalaram no continente, mas acabaram recuperando suas posições na ilha de Seregipe e ainda na ilha de Paranapuã (atual ilha do governador)
Além de prestar socorro militar às capitanias de Ilhéus, porto Seguro e Espírito Santo na luta contra os indígenas, Mem de Sá autorizou, a pedido dos poucos moradores que povoavam a vila de Santo André da Borba do Campo, sua extinção e transferência de seus habitantes para São Paulo. Na época em que os franceses estavam no Rio de Janeiro, os índios se reuniram para lutar cotra os portugueses (Iperoig-Ubatuba). Esse episódio ficou conhecido coo Confederação dos Tamoios (1563).
Em 1º de março de 1565, chegou a expedição comandada pelo sobrinho do governador, Estácio de Sá. Recolheu reforços no Espírito Santo e São Vicente, e fundou a povoação de São Sebastião do Rio de Janeiro, que se tornou a segunda cidade no Brasil. Em 1567, Mem de Sá levou reforços ao Rio de Janeiro. Os franceses foram definitivamente derrotados. Estácio de Sá morreu em decorrência da luta contra os franceses.
O sucessor de Mem de Sá, D. Luís de Vasconcelos, viajava em uma frota com quarenta padre jesuítas. Foram abordados por corsários franceses, que lançaram os padres ao mar. Esse grupo ficou conhecido como “os quarenta mártires do Brasil”. D.Luís de Vasconcelos morreu com combate. Em 1566, foi fundada a capitania Paraguaçu ou Recôncavo da Bahia, doada por Álvaro da Costa. A segunda capitania na Coroa passou a ser governada por Salvador Correia de Sá. Mem de Sá morreu em 1572 e o ouvidor-geral e provedor-mor da Fazenda, Fernão da Silva, assumiu provisoriamente o governo


Em 1580, os espanhóis invadiram Portugal e Filipe II foi aclamado rei de Portugal como Filipe I. D. Filipe era neto de D. Manuel pelo lado materno e pertencia à casa de Habsburgo. Diante das Cortes de Tomar, em 1581, o rei Filipe I jurou respeitar a autonomia de Portugal, mantendo os costumes, a língua e a moeda. Comprometia-se ainda a manter sob o controle de portugueses os cardos administrativos de Portugal e de todo o Império Português. Esse período é conhecido como Domínio Espanhol (ou união Ibérica), endo durado sessenta anos. Os quadros administrativos portugueses foram mantidos de maneira que a situação de Portugal e da América Portuguesa não foi alterada. Mas, devido à situação espanhola trouxe importantes consequências.
Portugal, que sempre se mantivera neutro em conflitos internacionais, acabou tendo como inimigos a França, a Inglaterra e a Holanda. A Inglaterra mantinha boas relações comerciais com Portugal e os flamengos refinavam e distribuíam o açúcar produzido em seus domínios coloniais.
O Estado português firmava concessões a estrangeiros na exploração do comércio colonial mediante o pagamento de direitos à Coroa. A Espanha, mais rígida, exigia que todo o comércio com a área colonial passasse pela Casa de Contratação, eme Servilha. Em 1585, Filipe II confiscou navios flamengos ancorados em portos portugueses, aprisionando as tripulações. O mesmo se fez com outras nações estrangeiras que comercializavam com Portugal. Um dos resultados dessa política foi a ocupação holandesa do Brasil

Adotou-se também uma política de maior tolerância de mabas as partes, facilitando as bandeiras que exploravam os territórios além-Tordesilhas. Isso possibilitou a atual conformação territorial do Brasil, consagrada após a Restauração Portuguesa (1640). Imprimiu-se uma nova admiistração colonial, que teve papel relevante na ocupação e manutenção dos territórios brasileiros, como, em 1621, a criação do Estado do Maranhão, administrativamente separado do Estado do Brasil.


Várias revoltas tiveram início a partir de 1637, culminando, em 1º de dezembro de 1640, com a tomada do poder pelos Bragança, sendo aclamado rei D. João IV. Entretanto, a independência de Portugal teve um alto custo, pois a Espanha iniciou a Guerra da Restauração, com 28 anos de duração e durante a qual os espanhóis tentaram invadir algumas vezes o território português. O reconhecimento da independência de Portugal pelo reino espanhol só ocorreu em 1668.



A primeira manifestação da administração portuguesa na América ocorreu quando o território recém-descoberto ainda não era uma colônia. Ao longo da costa, instalaram-se feitorias (armazéns fortificados) utilizadas para o resgate de produtos rentáveis (principalmente o pau-brasil).


Baseado em experiências anteriores realizada nas ilhas do Atlântico (Madeira, Açores, Cabo Verde, São Tomé), D. João III instaurou na América Portuguesa, entre os anos de 1534 e 1536, o regime de capitanias hereditárias. Tomando como referencial o meridiano de Tordesilhas e daí para o litoral, o território foi dividido em quinze lotes, doados a doze donatários. Com essa medida, a Coroa portuguesa delegava à iniciativa privada a tarefa de colonização, a partir de uma série de incentivos para quem se dispusesse a tal empreendimento. O donatário não recebia a propriedade da capitania, mas sim o direito de governá-la. A primeira capitania foi a ilha de São João (também conhecida como ilha da Quaresma), doada a Fernando de Noronha. De todas as capitanias, inicialmente só prosperaram as de Pernambuco e São Vicente. O regime das capitanias hereditárias vigorou até 1756, quando o Marquês de Pombal (ministro de Estado de D. José I)extinguiu o regime e as reverteu para o patrimônio real.

Características da Capitania
A capitania era inalienável, indivisível e hereditária. Em outras palavras, o donatário são poderia vendê-la ou doá-la a outrem; só um descendente seria sucessor na governança da capitania, e o donatário não poderia dividi-la entre os filhos; e a governança passava de pai para filho.

Organização interna das capitanias
A capitania era a principal e maior unidade administrativa da América Portuguesa. Cada um ligava-se diretamente a Portugal sem quaisquer relações administrativas entre si. As capitanias se dividiam em comarcas; as comarcas, em termos; os termos, em freguesias; as freguesias, e bairros.
A principal autoridade era o governador, chefe civil e efetivo das forças armadas da capitania. Nas vilas, além dele, existia a Câmara Municipal ou Senado da Câmara, órgão de administração local que, por vezes, chegou a impugnar medidas dos governadores mesmo a depô-los. As câmaras municipais compunham-se de um juiz presidente e oficiais da câmara. O juiz chamava-se juiz ordinário, caso fosse eleito, e seu cargo não era remunerado.



Um dos elementos essenciais que levaram os portugueses à colonização do Brasil foi a concorrência. Franceses, ingleses e espanhóis colocavam em questão a posse da terra, tonando necessária uma providência.
A partir do século XVI entrou em decadência o comércio de especiarias nas Índias, estimulando os capitais a se deslocarem para outras áreas. Entre os vários obstáculos que dificultavam a ação portuguesa na Ásia e conduziram à decadência do Império Colonial português no Oriente, podemos destacar:
·         Alto custo com a defesa e administração das áreas orientais;
·         O alto custo das expedições, computando os prejuízos com naufrágios das naus sobrecarregadas ou provocados por tempestades ou ataques de piratas e corsários atraídos pelas especiarias.
·         A administração do império no Oriente era corrupta ineficiente.
·         O aumento da concorrência no comércio oriental com os holandeses, franceses e ingleses.
Portugal já era o primeiro produtor mundial de açúcar antes do descobrimento do Brasil. A colonização possibilitaria a expansão da produção açucareira para atender a demanda internacional. Por ultimo, podemos citar a perspectiva de encontrar metais preciosos, já descobertos na América Espanhola. Existem fortes indícios que permitem afirmar não ter sido casual o estabelecimento dos portugueses em São Vicente, em 1532. Nas imediações se deu litoral desembocavam trilhas indígenas provenientes do interior, de onde se tinham notícias da existência de matais preciosos. Ao sul, nas imediações de Itanhaém, já havia estabelecimentos espanhóis. A escolha parece, assim estra vinculada à luta contra os espanhóis ou à procura de metais preciosos.


Do litoral de São Vicente partiram em direção oi interior do território: expedições oficiais e particulares ligadas à busca de matais preciosos e ao apresamento de indígenas e de rebanhos. A conquista do litoral está mais diretamente relacionada às lutas contra estrangeiros e indígenas. Na conquista do Sertão, preponderou a expansão da redução açucareira e das fazendas de gado. No Centro-Oeste, prevaleceu a pesquisa de matais e pedras preciosas. No extremo Sul e Norte, predominou a iniciativa oficial e, neste último, a ação de missões religiosas.
No processo de conquista do interior da América Portuguesa destacaram-se as chamadas entradas e bandeiras. Segundo certos autores, as entradas eram empreendimentos de iniciativa oficial que, normalmente, respeitavam os limites estabelecidos pelo meridiano de Tordesilhas. Convém notar que nem todos os historiadores consideram essa distinção. Por fim, as monções eram era expedições de caráter privado ou oficial que utilizavam os cursos dos rios como vias de penetração no inteiros.


Com a instalação do regime de capitanias hereditárias, iniciou-se oficialmente a colonização da América Portuguesa. A distancia entre os núcleos de povoamento,a falta de recursos e o constante atrito com as populações indígenas fizeram com que apenas duas capitanias prosperassem antes da instalação do Governo-Geral: São Vicente e Pernambuco. A instalação do Governo-Geral(1549), ao criar um centro de unidade na Colônia, tornou possível a ocupação dos pontos litorâneos nos quais o regime de capitanias não tivera sucesso. A partir de Pernambuco, São Vicente e Baía de Todos-os-Santos, diversas expedições partiram com vistas à conquista do restante do litoral brasileiro. Podemos citar o exemplo: Conquista do Rio de Janeiro (1565), Conquista de Sergipe d’El Rei (1590), Conquista da Paraíba (1590), Conquista do Rio Grande (1599), Conquista do Ceará (1611), Conquista do Maranhão (1615), Conquista do Pará (1616).


Ocupação territorial a partir de São Vicente
A ocupação do interior do território começou a partir de São Vicente. Na medida em que a região era pobre, seus habitantes subiram a serra do Mar e se instalaram na Borda do Campo. Em 1554, em um local que oferecia possibilidades de defesa em relação aos indígenas, os jesuítas fundaram o Colégio de São Paulo. Os habitantes do planalto utilizavam o indígena como mão de obra. Para encontrá-la, começaram a a penetrar em direção ao interior no período de 1532 e 1630.
No período em que os holandeses ocuparam o Nordeste brasileiro e a costa africana (1630- 1654), essa atividade de apresamento de indígenas se intensificou, pois nas regiões não ocupadas por holandeses os escravos africanos começaram a faltar. Para atender à demanda de mão de obra indígena, os paulistas atacaram e destruíram missões espanholas como Itatim, Tape, Guiará. Quando os holandeses, a partir de 1654, desocuparam o Nordeste brasileiro e a costa africana, restabeleceu-se o fluxo de escravos entre a África e o Brasil e declinou a atividade de apresamento indígena.
Por ocasião da destruição das missões jesuíticas espanholas, o gado existente na região dispersou-se em direção ao sul. Os paulistas dirigiram-se então a essas regiões, visando apresar os rebanhos. Fi nessa época que ocorreu a fundação do Paranaguá (1646), São Francisco do Sul (1660), Curitiba (1668) e Laguna (1676). Em fins do século XVII, os paulistas dirigiram-se à região Centro-Oeste à procura de metais preciosos. Vastas regiões foram rapidamente ocupadas.

Ocupação Territorial a partir do Nordeste
A razão da penetração no Nordeste (ocupação do Sertão: Bahia, Pernambuco e Piauí)foi a pecuária, com a expansão das fazendas de gado.

Ocupação Territorial a partir do Norte
Entre os fatores associados à ocupação territorial a partir do Norte cita-se o interesse europeu pelas hamadas “drogas do Sertão”, ou seja, produtos nativos da região amazônica que se tornaram, tal como as especiarias do Oriente, altamente valorizados na Europa. Predominou, nessa região, a iniciativa oficial (entradas), e a penetração no território subordinou-se à rede hidrográfica.



Quando Cristóvão Colombo chegou ao Novo Mundo, em outubro de 1492, encontrou povos nativos aos quais denominou “índios” porque acreditava ter chegado à Índia. Ao que se sabe, a população pré-colombiana da América era pelo menos de origem asiática e teria chegado ao continente através do processo migratório.
Existiam vários grupos indígenas com diferentes níveis de domínio sobre a natureza e a tecnologia. Aqueles que apresentavam um grau de organização política e social mais próximo dos padrões europeus eram os astecas e os maias, estabelecidos no território do atual México, e os incas, na região andina.


 

Após a primeira viagem de Colombo, diversas expedições foram realizadas tanto para explorar o território americano quanto para conquistá-lo por meio da subjugação dos nativos ao domínio espanhol. A partir do relatos do Américo Vespúcio, conclui-se que as terras descobertas formavam um novo continente, e o cosmógrafo Martim Waldseemüller propôs que este fosse denominado América, em homenagem a Vespúcio.
Para atingir o Oriente, os portugueses haviam empreendido sua expansão marítima pela costa africana, e os espanhóis, pela costa da América do Sul. Outras nações – especialmente Inglaterra, França e Holanda – patrocinaram expedições buscando uma passagem noroeste, ou seja, pelo norte da América do Norte. Essas expedições não conseguiram o que desejavam; todavia, propiciaram a exploração de vastas áreas do território norte-americano.


Apesar da presença de diversos estabelecimentos europeus nas Américas, os que persistiram e vieram a construir a maioria dos países do continente foram os portugueses, espanhóis, ingleses e franceses, Os métodos de administração colonial variaram muito no decorrer dos séculos XVI, XVII e XVIII; entretanto, apesar da diversidade, é possível observar certos traços comuns dessas metrópoles em relação às suas colônias
Existe uma classificação tradicional para caracterizar as formas de colonização das Américas: as colônias de exploração e as colônias de povoamento.
Classificam-se como colônias de Exploração aquelas sobre as quais havia interesse em se organizar uma atividade econômica complementar à economia da metrópole, quer como mercado consumidor, quer como mercado fornecedor. Nesse caso, enquadram-se a América Portuguesa,  América Espanhola, e as colônias do sul da América do Norte. Nessas colônias prevalecia a grande propriedade e a monocultura e formas variadas de trabalho compulsório.

Classificam-se como Colônias de Povoamento as áreas nas quais se instalariam pessoas que, fugindo de perseguições religiosas ou políticas na metrópole, pretendiam fundar comunidades em que pudessem professar livremente seus credos. Nessas colônias  predominou a encomia de subsistência, atividade organizada em pequenas e médias unidades de produção e uma organização social e política na qual havia uma maior participação da comunidade nas questões de governo local. Típicas colônias de povoamento foram as colônias inglesas da Nova Inglaterra.


A concorrência entre as metrópoles sobre os territórios acelerou sua ocupação a fim de se preservar com exclusividade sua exploração econômica. Os gastos com a empresa colonizadora eram muitos altos e arriscados. O Estado era incapaz de arcar sozinho com todos os gastos da colonização.
Assim, as metrópoles concedem privilégios a indivíduos com posses ou expediram cartas-patentes para a criação de companhias de comércio, que passaram a ter direitos exclusivos, durante certo período, para explorar economicamente uma área colonial. No decorrer do século XVIII, nas regiões em que a iniciativa privada fracassou, os empreendimentos particulares foram reincorporados à Coroa.


Nas áreas das colônias, a presença do poder real se fez por meio de prepostos, nomeados e destituídos livremente pelo rei, com títulos que variavam de região para região. Normalmente exerciam jurisdição civil, criminal e militar nas áreas sob sua responsabilidade. As instituições administrativas das colônias não foram criações originais. Na maioria das vezes, existiam na metrópole e eram transplantadas para as colônias com as necessárias adaptações.
As câmaras municipais, responsáveis pela administração local, eram compostas por membros da comunidade local, normalmente escolhidos por meio de algum processo eleitoral. Na América Portuguesa, era denominadas câmeras municipais ou senado da câmara; Na América Espanhola, Cabildos; e a América Inglesa era designadas Casas de Representantes.
Outro traço comum a todas as administrações coloniais foi um intenso fiscalismo, ou seja, preocupação específica e deliberada com a tributação e exploração econômica das colônias. O regime de monopólio era a regra geral. As atividades de contrabando era intensas e reprimidas pelas autoridades da metrópole. Às vezes, as próprias autoridades coloniais estava envolvidas em contrabandos.


Uma característica marcante da História da América foi a utilização generalizada de formas de trabalho compulsório. Há várias explicações sobre as razões desse fenômeno. Umas das mais correntes é que a abundância de terras tornaria impraticável o trabalho assalariado nas colônias, pois cada colono procuraria ter sua propriedade, Os colonos, ao receberem seus primeiros salários, tratariam de abandonar seus padrões, constituindo-se eles mesmo em empresários.

Tivemos as mais variadas formas de trabalho compulsório nas colônias, das quais destacaram:



Nas regiões mais pobre das colônias, onde não se dispunha recursos para a compra de escravos africanos, procurou-se escravizar indígenas, sobretudo na América Portuguesa. Na América Espanhola, a escravidão indígena era proibida por lei.
Não há acordo sobre as razões da preferências pelos africanos para o trabalho escravo. Alguns fazem referências à inadaptabilidade do indígena para os trabalho agrícolas, outros destacam a importância do tráfico de escravos, organizado empresarialmente como fonte de recursos para a metrópole. Afirmam-se também que o africano, em sua região de origem, dedicava-se à agricultura, sendo a escravidão uma prática comum entre as sociedades daquele continente. Os europeus, ao se inserirem na prática da escravidão entre os próprios africanos, nada mais teriam feito do que entender para seu benefício algo que já existia anteriormente.


A colonização das Américas coincidiu com a Reforma na Europa. Para a Igreja Católica, a colonização representou uma maneira de expandir seu número de fiéis, pois, naquele momento, muitos haviam sido perdidos para o protestantismo na Europa. Para as igrejas reformadas, as colônias serviram, entre outros aspectos, como locais de refúgios nos quais podiam praticar seus cultos livremente, sem serem perseguidos.
No contexto da Igreja Católica, a atuação dos padres da Companhia de Jesus (jesuítas)teve um papel muito importante na América Colonial. Empreenderam um trabalho de catequese junto aos nativos e dedicaram-se ao ensino, fundando colégios e missões nos quais conviviam com os indígenas. O poder que alcançaram nas colônias e na Europa desencadeou uma campanha contra os jesuítas no século XVIII, acusados de “criarem um Estado dentro do Estado”. Os jesuítas, devido á sua oposição à escravidão indígena, também entraram em conflito com os colonos.


Os primeiros núcleos de população inglesa na América do Norte correspondem ao primeiro período do governo dos Stuart na Inglaterra (1603- 1649). Esse período foi marcado por conflitos políticos entre os Stuart e o Parlamento e por sérios choques religiosos que opuseram católicos e protestantes.
O movimento dos cercamentos (enclosures), fechando terras até então comunais, contribuiu para a transferência de populações dos campos para os centros urbanos em busca de melhores oportunidades de vida.
Esse conjunto de fatores criou condições para o estabelecimento de um fluxo migratório em direção à América do Norte. A colonização inglesa começou pela fundação de Jamestown (1607), na atual Virgínia, por refugiados das perseguições religiosas na Inglaterra. Os Pais Peregrinos (puritanos que fugiram da perseguição religiosa)chegaram em 1620 no navio Mayflower, à baia de Playmouth, e constituíram o núcleo da colônia de Massachusetts.



O governo inglês utilizou dois meios na tarefa de colonização: companhias privilegiadas de comércio e propriedades particulares.
As companhias privilegiadas de comércio operavam sob concessões real, sendo compostas por acionistas que partilhavam, na proporção dos capitais empregados, os lucros e prejuízos da aventura colonial.
As colônias de propriedades tinham direitos de propriedade sobre a terra e de arrecadação de impostos. A Coroa cedia uma colônia para um proprietário ou para um conjunto de proprietários que, normalmente, delegava seu poder político para os representantes dos colonos.
Houve também as “colônias incorporadas”(corporate colonies)derivadas das colônias já estabelecidas e fundadas por grupos de colonos.


Nas colônias, havia três autoridades que exerciam a direção política: o governador, o conselho e uma assembléia ou Casa de Representantes. Os dois primeiros eram designados pela Coroa, pela companhia de comércio ou pelo proprietário. A Casa de Representantes era eleita pelos colonos.
Durante o Período Colonial ocorreram atritos e choques de jurisdição entre essas autoridades. De maneira geral, pode-se dizer que os problemas políticos em que a Inglaterra esteve envolvida na época tornaram-lhe impossível em controle efetivo sobre as colônias, passando os próprios colonos a decidirem sobre seus destinos.

O único vínculo que existia entre essa colônias era sua dependência em relação à metrópole e o apego às tradições parlamentares inglesas. Ao longo do tempo, a existência de inimigos em comum (índios e franceses) contribuiu para uma maior aproximação entre os colonos.
De maneira geral, a metrópole exercia pouco controle sobre os governos locais. As tensões entre os colonos e a metrópole aumentaram quando esta passou a aspirar a uma maior intervenção nas colônias. Desde a ascensão de Jaime I em 1603 até a sua deposição de Jaime II em 1688, os Stuart não mediram esforços para impor autoridade real sobre as colônias da América.
Jaime I designou um Conselho de Comércio (1622) para fazer com que as leis inglesas fossem validas na América. Revogou a privilégio da Companhia de Londres, transformando a Virginia em uma província real (1624). Os demais monarcas Stuart fizeram esforços para colocar todas as colônias sob o controle direto da Coroa. Por sua vez, o Parlamento britânico considerava que as questões coloniais diziam respeito a si e não ao rei e, de maneira geral, seus integrantes possuíam uma perspectiva mercantilista, ou seja, de que as colônias deveriam beneficiar a economia da metrópole.
Medidas tomadas pelo Parlamento determinavam que certos produtos só poderiam ser comercializados pela metrópole. Com a Revolução Glorioso (1688), o poder passou a ser controlado pelo parlamento, que resolveu designar funcionários da metrópole para a administração das colônias. Os atritos entre os governos locais nas colônias e as medidas metropolitanas aumentaram.
Enquanto na Inglaterra se considerava que o rei e o parlamento eram autoridades legislativas supremas para as colônias, os colonos americanos estavam convencidos d que os funcionários da metrópole não poderiam controlar suas assembleias locais eleitas.


Não havia, por parte da Inglaterra, um rígido controle da economia da colônia, tal como era praticado nas Américas Espanhola e Portuguesa por meio do regime de monopólio. À Inglaterra interessava, sobretudo, o pagamento de impostos e a utilização dos colonos como soldados em caso de guerra.
Essa situação dava à colônia certo grau de liberdade em suas atividades econômicas, como pode ser observado no seguinte exemplo: certas colônias do Norte recebiam o melaço da costa africana como forma de pagamento pela compra de escravos, os quais, por sua vez, eram levados às Antilhas para as plantações de cana-de-açúcar, matéria-prima do melaço. Esse ciclo de relações econômicas ficou conhecido como comércio triangular